em Constelação Familiar

Querida mamãe, você e papai foram designados por uma força maior para me transmitirem a vida, e disseram sim. O sim de vocês me deu forma e estou aqui para cumprir a tarefa que me foi conferida.

Querida mamãe, você é terra fértil e bem-aventurada. Você recebeu do papai, a semente e deixou-se fertilizar, cumprindo sua tarefa no plano divino como mulher.

Dentro do seu corpo eu fui me desenvolvendo e ganhando forma, mas não me sentia separado(a) de você, até o momento em que você me deu à luz. Deixei de ser parte de seu próprio corpo e ganhei o meu próprio. Mas nas emoções continuamos um. Permaneci em você e você em mim. Levei muito tempo para me dar conta de que era um ser separado(a) de você. Foi doloroso para mim. Tive medo de te perder, tive medo da vida, de seguir por mim, ao mesmo tempo em que aventurar-me na vida me encantava. Por muito tempo, meu mundo era eu e você. Eu me sentia completo(a) com você. Na medida em que fui crescendo, uma força maior me impulsionava para me lançar no mundo, para ir além do pequeno mundo onde só cabia nós dois (duas). Foi então que vi meu pai, quase como se fosse pela primeira vez e precisei dele.

Percebi seu medo mamãe, e ele se tornou meu.  Senti culpa também. Fiquei paralisado(a) entre uma força que me impulsionava para seguir, e outra que me puxava para ficar. Experimentei muitos sentimentos, contraditórios.

***

Nesse momento mamãe, olho para dentro de mim de forma ampla e te encontro em meu coração.

Não importa onde você se encontra agora, se está aqui e agora comigo, ou se não está. Não importa como foi e o que aconteceu em nossa história. Não importa se segui adiante ou se permaneci com você, sacrificando muito de mim por amor a você. Não importa se fui só até certo ponto e não dei mais conta de seguir.

O que importa agora mamãe, é que nesse momento, te encontro dentro do meu coração e vejo tudo de forma ampla. Vejo com os olhos da alma, com os olhos do amor maior.

Obrigado(a) pela minha vida! Eu a tomo com gratidão e amor. Tomo tudo mais que você me deu. Me sinto pleno(a).

Quando vejo e reconheço sua grandeza, então posso dar nascimento a mim mesmo(a), ficando pequeno(a) diante de você, e grande diante da minha própria vida. Posso então me despedir de você e de tudo que te pertence, que adotei como meu, pois ainda não estava claro para mim o que era minha vida e o que era a sua.

Metade de mim é você mamãe, a outra metade é meu pai. Agora sigo com os dois em mim, “lançando sementes na terra”, “deixando-me fertilizar”, assim como vocês fizeram. E a vida segue adiante cumprindo seu propósito…

Obrigado(a) por ser minha mãe!

Honro sua tarefa divina!

Me alegro por ser seu (sua) filho(a)!

Lucilene Silveira

 

 

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